Caros leitores, o papo de hoje é so-bre escolha de touros, um tema recorrente nesta coluna e cada vez mais complexo, já que as soluções simples parecem não ser a melhor op-ção. E, quando me refiro a elas, falo de olhar só para peso, perímetro escrotal e idade, ou de considerar apenas os ín-dices dos programas de melhoramento genético ou genômicos como verdades absolutas, ou, ainda, de apenas se ater à tradicional análise visual dos repro-dutores no curral, em recinto ou atra-vés dos vídeos – a grande realidade de hoje.A demanda por touros, este ano, se-gue firme no modelo virtual e arrancou com o mercado bastante aquecido, im-pulsionado pela valorização do bezerro de corte – o grande balizador da pre-cificação de reprodutores. Com isso, a retenção de fêmeas cresce e a demanda por touros aumenta na mesma propor-ção, com tendência de seguir na mesma toada durante o segundo semestre, an-tecedendo a estação de monta. Os touros são os grandes promoto-res da mudança genética dos rebanhos em função do número de filhos gera-dos. Assim, adquirir os que lhe trarão melhores resultados é de extrema im-portância para o êxito de seu negócio – vale o esforço de estudar mais sobre o tema. Seguindo um roteiro simples, a primeira pergunta a ser respondida é: melhor para quê? Vale ressaltar que super touros são raros, pois é difícil ser bom em tudo e em qualquer ambiente. Por isso, vale a seguinte sabedoria: não existe um animal ideal, mas sim uma genética mais apropriada para cumprir determinado objetivo.Portanto, antes de sair à caça de touros, faça uma reflexão sobre sua fa-zenda: meu ambiente de criação é farto em alimentação ou é mais desafiador? Touros de maior tamanho são mais exi-gentes e, consequentemente, produzem bois que também demandam mais ali-mento para terminarem e serem aba-tidos. Assim, produzem fêmeas com maiores necessidades para manter bom escore corporal – fundamental para que sejam eficientes na reprodução.Adquirir reprodutores selecionados em sistema de produção mais próximo do ambiente em que seus filhos serão criados traz uma segurança maior de resultados. É necessário tomar cuidado com animais excessivamente tratados durante o processo de seleção, pois, muitas vezes, apresentam-se bonitões no momento da compra, mas, quando vão perdendo a embalagem no pasto, mostram um conteúdo genético “fra-co”.

Hoje, com o volume de informações que temos, só erram feio aqueles que se iludem com o “canto da sereia” das propagandas e nos leilões, em que o argumento recorrente é sempre: pre-coces! Pesados! Bem avaliados! Raçu-dos! E, muitas vezes, não são. Aprenda a olhar para tudo isso com senso crítico e não compre gato por lebre.Mas antes, para definir qual reprodu-tor é o melhor para seu projeto, conhe-ça as características mais fortes e mais deficientes de suas matrizes, foque em touros que possam complementar seu rebanho, seja na morfologia - que pode se basear na metodologia EPMURAS -, como na régua de DEPs - que, bem interpretada, permite uma escolha mui-to mais assertiva para atender suas ex-pectativas. Entenda bem qual seu obje-tivo de seleção e de mercado.

É bom lembrar também que, antes mesmo de definir o perfil genético e morfológico do touro, é importante certificar-se de que ele possua atestado sanitário e exiba saúde, que apresente exame andrológico positivo e tenha passado pela inspeção de um técnico da associação de raça ou por consulto-ria especializada para atestar ausência de defeitos morfológicos funcionais.

Por fim, lembre-se que, na era da agricultura de precisão, é inadmissível o pecuarista usar “milho de paiol”. En-quanto o agricultor investe nas melho-res sementes, ainda existe produtor que usa “boi de boiada”, sem certificações e sem qualquer garantia de resultado.Amigo pecuarista, dimensione qual a faixa de preço que pode pagar no sê-men ou no reprodutor, e não exagere na economia, pois touro não deve ser considerado custo, mas sim investi-mento! Trabalhos do grupo CEPEA demonstram que seu retorno financei-ro em produtividade é muito superior ao investimento realizado.

Comprar um touro melhorador é a maneira mais econômica de implementar o melho-ramento genético em seu rebanho, dei-xando todo o trabalho de medir e ava-liar para o produtor de semente.Você que está na produção de gado comercial, não se iluda com a tentação de utilizar o milho do paiol, acerte no investimento de acordo com seu pro-jeto e com seu bolso, faça as escolhas corretas. Consultar um técnico compe-tente para lhe auxiliar na interpretação das avaliações e ajudar a definir a com-pra é um caminho interessante para os menos experientes.

Lembre-se, o conhecimento conduz ao êxito nas tomadas de decisão! Va-mos que Vamos!