Saiba mais sobre tudo que rola no mundo da pecuária!
Publicado em 20/07/2020
Por: William Koury Filho
Olá, amigos pecuaristas! Conforme concluímos na última coluna, a prosa sobre os dilemas do Nelore do século XXI é longa, então continuarei com esse tema.
Tomando como exemplo o que foi dito anteriormente, a ideia é colaborar com o amigo leitor na reflexão sobre qual é a genética mais adequada para seus objetivos específicos, e para o bem da pecuária do Brasil.
Nesta edição, a Revista AG apresenta o resultado do Top 100 Zebuínos 2020, projeto do qual temos orgulho de ser colaboradores. Com o Top 100, buscamos entender a dinâmica de mercado e o perfil dos rebanhos que mais vendem touros no Brasil, atividade tão importante para a pecuária nacional. Vale ressaltar: o touro é a semente que dissemina seus genes na população e influencia diretamente na colheita de bezerros (as) que serão os bois e matrizes de reposição do futuro e que impactarão o nosso negócio.
Uma das tendências claras é a adesão dos criadores a programas de melhoramento genético animal, o que me deixa extremamente satisfeito como técnico. Desde que comecei o doutorado, no início dos anos 2000, defendo a importância em formar grupos de contemporâneos e participar de um programa de melhoramento, que é por onde tenho a oportunidade de me expressar.
Hoje, a etapa de conscientização sobre a importância das DEPs já foi cumprida. O mercado não admite que um produtor de touros não tenha informações sobre avaliações genéticas de seus animais. No entanto, o que, a princípio, é muito importante, de repente, se transforma em argumento muito agressivo para a venda de animais, embriões e sêmen. Conceitos como Top e valores de índices genéticos são tratados como se fossem verdades absolutas, e, muitas vezes, de maneira equivocada.
É mais simples adotá-los como argumentação, ainda que distorcida, e se fazer passar por um especialista em melhoramento genético da noite para o dia. Assim, parece que houve “mudança no lado do disco”, bastando apenas “gritar” com energia como se a crença nesse caminho fosse algo que se acreditasse desde sempre – mesmo que seja contraditório com o que foi vendido outrora.
Conhecer genealogia, entender pontos fortes em um indivíduo, avaliar morfologia e comparar dados fenotípicos continuam sendo extremamente importantes para “fazer gado”. Também sou consultor em leilões e vejo que muitos argumentos que usamos são rapidamente assimilados e repetidos – às vezes, com critério, por gente que entende do assunto; outras vezes, por pessoas que simplesmente estão reproduzindo esses argumentos de forma aleatória, ou seja, literalmente fazendo barulho (gritando) para falar o que o mercado quer ouvir.
Exemplos como: Top 0,1, genômico, 4 kg de leite, 35 kg para peso ao sobreano, 45 cm de CE, 900 kg, e por aí vai.
Claro que todos esses conceitos/ argumentos são importantes, mas devem ser corretamente interpretados/entendidos. Se você é comprador de touro, matrizes, sêmen, embriões ou gado de corte, não caia na emoção da gritaria, procure entender quais são as especificações técnicas do produto que será adquirido e compre aquilo que melhor irá lhe atender.
Atualmente, em virtude da pandemia, os leilões virtuais tendem a ser mais técnicos e, como a toada é outra, permitem mais argumentações – o que, junto à venda, pode virar uma boa prosa sobre melhoramento genético.
Essa conversa vai longe. Neste momento, me apeguei a esse tema porque estou em Cáceres (MT), junto com a equipe da fazenda e do meu grande amigo Fábio Ferreira, trabalhando com a tourama para o maior evento de venda de reprodutores Nelore do Brasil. Nessa empreitada, tivemos a oportunidade de assistir alguns leilões pela TV e falamos muito sobre a banalização de adjetivos relacionados a qualidades genéticas na argumentação de venda.
Nessa linha, a genômica, por ser sinônimo de aumento de acurácia/confiabilidade da informação, se transforma em verdade absoluta sobre o potencial genético do animal.
Na realidade, com toda a sua importância, a genômica continua sendo uma estimativa com necessidade de ser interpretada e considerada junto com outras informações, inclusive fenotípicas. Olhar as qualidades morfológicas é imprescindível, assim como uma interpretação mais ampla das avaliações genéticas.
Como consultor na área de melhoramento, sonho com o dia em que a venda e compra de reprodutores seja uma operação mais técnica, e vejo que estamos caminhando nesse sentido.
Até lá, não seja emprenhado pelo ouvido, busque entender melhor todos os argumentos utilizados nas diferentes modalidades de venda de touros e adquira a semente que propiciará colher a melhor safra.
É isso aí! Forte abraço a todos e vamos que vamos!