Caro leitor, outubro foi um mês intenso, estive apartando touros e avaliando matrizes para direcionar acasalamentos nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Bahia e também São Paulo.

Outro exercício interessante foi o julgamento da XV Exposição Nacional da Raça Guzerá, em Uberaba (MG). Acompanhado por Izarico Camilo e Marcelo Toledo, trabalhamos em sintonia e chegamos aos grandes campeonatos com animais de biótipo e de funcionalidade adequados à realidade dos sistemas de produção praticados no país. O julgamento do Brahman ocorreu bem ao nosso lado – conduzido por um sul-africano que vive no Texas – e seguiu a mesma linha. Já a raça Nelore segue distante dos critérios que deveriam nortear um julgamento funcional que aproximasse o mundo das pistas e do pasto, tendo em vista o bem maior da pecuária brasileira.

Fora das pistas, a pecuária brasileira me impressiona demais pela evolução alcançada nestes 26 anos atuando como consultor e viajando por lugares que me propiciam experiências fantásticas. A última empreitada de outubro foi uma viagem que começou em Valparaíso (SP), no Nelore CEN, passou por Formosa (GO) e terminou em Barreiras, no oeste baiano.

O trabalho na Bahia aconteceu na última semana do mês, momento em que o clima de eleição já estava no ponto máximo de disputa e a ansiedade de um povo dividido nas alturas.

Nestes 3.259 quilômetros percorridos, meu parceiro foi o Guilherme Costa, zootecnista culto e dedicado que, após o estágio, faz parte de nossa equipe há cinco anos. Na estrada, boa música e muita conversa sobre o gado, já que ambos somos muito entusiasmados quando o assunto é a pecuária. O papo fluiu com temas desde a seleção natural, citando literaturas como Sapiens e Armas Germes e Aço, até as últimas tecnologias aplicadas à bovinocultura, passando também pelas raças bovinas e pelos reprodutores e assuntos mais filosóficos sobre a vida, valores e política.

Atravessamos paisagens admiráveis em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e no Distrito Federal e acompanhamos a pujança do agronegócio brasileiro com uma agricultura super tecnificada e preocupada com a sustentabilidade. O desenvolvimento de cultivares e a utilização de controle biológico aplicados para minimizar o impacto ambiental são exemplos dessa potência. A pecuária segue a mesma linha, trabalhando com melhoramento genético e manejo de pastagens, suplementação e sanidade e, assim, obtém a melhoria a passos largos dos índices produtivos em sistemas que podem sequestrar o mesmo volume de CO2 que os animais emitem.

A produção de alimento pelo Brasil é muito importante não só para nosso povo, mas também para a população mundial. Não é à toa que o professor e ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz devido à participação fundamental que teve na revolução agrícola tropical, desenvolvida com tecnologia brasileira e que nos transformou de importadores a maiores exportadores de alimento do mundo.

Na sexta-feira, 28/10, rodamos 1.352 km para chegarmos a tempo de cumprir com o dever cívico do voto. Chegamos exaustos, além de inconformados com o momento desconfortável no qual atravessa a política brasileira, principalmente depois do maior escândalo de corrupção do mundo.

Até aqui, escrevia a coluna na véspera das eleições, mas hoje, dia 31 de outubro, já estou digerindo minha indignação e frustração com o resultado – por conceitos, valores e perspectivas de futuro.

Por outro lado, nessas eleições, tivemos resultados animadores em Estados importantes - o que ajuda a oxigenar a democracia. Espero que o agro brasileiro siga forte. Não vamos desanimar, sigamos trabalhando e lutando, assim é a vida. “Verás que um filho teu não foge à luta”. “Pátria amada, Brasil”. Vamos que vamos!