Saiba mais sobre tudo que rola no mundo da pecuária!
Publicado em 31/03/2022
Por: Guilherme Faria Costa
Caros amigos e leitores já seguimos no outono e portando um terço de nosso ano comercial entregue, mas por outro ponto de vista faltando somente um terço para encerrarmos o ano pecuário 2021/2022. Dia desses vi algumas imagens de um sistema que há muito é explorado pelo mundo de maneira menos tecnificada, que nos últimos anos vem se intensificando e que vai ser o tema dessa coluna, o TOURO DE CORTE NA VACA DA LEITE.
Um dos primeiros intuitos da domesticação dos bovinos foi a produção de leite e que posteriormente, quando os animais se machucavam ou atingiam certa idade, servia à produção de carne. Com o aumento da população humana a necessidade de animais mais eficientes e produtivos, houve como já mencionei em colunas anteriores, a especialização dos segmentos.
Como toda vaca de leite acaba como vaca de corte e por representarem uma grande parcela da população bovina mundial, na busca por soluções para diluição de custos e novas opções de renda fez com que o uso de raças especializadas de corte em vacas leiteiras fosse adotado. O pequeno produtor aqui no Brasil já utilizava essa tecnologia, ao colocar touros zebuínos em vacas mais leiteiras, Girolando ou azebuadas.
Na Europa e nos EUA existem programas com foco nessa tecnologia, prezando por touros de raças britânicas e/ou taurinas, que tenham alto desempenho e eficiência no confinamento, mas que também tenham boas taxas de concepção na IA/IATF e que transmitam grande facilidade de parto. A adoção do “Beef on Dairy” varia conforme o projeto de trabalho da propriedade, em algumas propriedades o uso acontece em vacas de descarte, na última cria elas são inseminadas com touros terminais, os bezerros F1 são criados como os leiteiros já confinados desde o nascimento e depois as vacas quando secam são abatidas, isso ajuda no pagamento de custos e despesas.
Outro método que algumas fazendas usam é o de apartar suas vacas por qualidade, aquelas que são boas vacas, por n motivos e que vão continuar sendo inseminadas e acasaladas com touros leiteiros para ser a reposição e as vacas de pior produção leiteira e de bezerros que são destinadas ao uso de touros de corte. Usualmente de raças como Aberdeen Angus, Simental, Limousin, Charolês, Belgian Blue e British Blue (uma versão britânica do BB com menos musculatura).
O que os produtores brasileiros ao usar, por exemplo, um touro Nelore em vacas Girolando, têm uma produção de fêmeas menos leiteiras, mas ganham na saída dos machos que tem melhor conformação para o corte. Um detalhe é que as fêmeas servem excelentemente como receptoras de embrião, criam muito bem.
Mas a essa altura o que o “CRUZAMENTO INDUSTRIAL” tem a ver com esse tipo de trabalho? Aqueles que conhecem o cruzamento industrial sabem, que são cruzamentos entre raças especializadas para o corte com intuito de produção para a indústria frigorifica, mas aí que reside o trocadilho, o cruzamento ENTRE indústrias, a indústria da carne e a indústria do leite.
Bem, meus amigos, esse é um breve de um setor fundido de duas grandes indústrias da bovinocultura, uma oportunidade e opção dentro do que podemos considerar como diversificação da cadeia, isso é o grande pulo do gato que temos ao trabalhar com gado, a diversificação disponível a se trabalhar, adotar uma medida antiga, mas que hoje tem novas tecnologias e opções para se trabalhar. Trabalhar com gado é muito satisfatório e prazeroso, não me canso de ver as possibilidades que isso. Um abraço e até outra hora!