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Publicado em 20/03/2019
Por: Equipe BrasilcomZ
Olá, amigos do agro. Acabo de retornar do encontro de atualização do colegiado de jurados das raças zebuínas, organizado pela ABCZ. Além da oportunidade de encontrar amigos, o evento trouxe um conteúdo que nos faz pensar como encarar as limitações e buscar soluções para que a pista volte a ter maior importância na genética zebuína – e, consequentemente, maior influência direta na pecuária comercial.
A programação teve início com os jurados realizando um exercício prático de avaliação visual em um grupo de animais medidos por ultrassonografia para área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS). Na sequência, o diretor técnico da entidade comentou sobre um gado descendente da genética importada em 1962. Para finalizar o primeiro dia, tivemos um exercício de comentários com gado de cabresto/baia. Na manhã seguinte, houve uma série de três palestras ótimas. A primeira trouxe experiências riquíssimas do julgamento de gado leiteiro, com excelente material de imagens e referências de matriz; a segunda falou sobre perspectivas do mercado mundial de carne; e a terceira apresentou um verdadeiro raio X do perfil das categorias e classificações de carcaças abatidas no Brasil.
No último período do encontro, houve a apresentação dos resultados gerais do exercício prático de avaliações visuais, conduzido pelos amigos especialistas em ultrassonografia, seguido da entrega dos resultados individuais de cada jurado. A estatística foi bem conduzida e explicada, porém faltou base conceitual para coleta dos fenótipos dos escores visuais, já que parte do colegiado nunca havia participado de um treinamento/credenciamento para calibrar os olhos com a metodologia. Faltou também olharmos a referência do lote antes de iniciarmos as avaliações individuais, o que está previsto na metodologia EPMURAS e que garante maior grau de precisão do avaliador. Minha conclusão é que o exercício foi interessante, mas o resultado deve ser interpretado com cautela. No início do evento, o diretor técnico foi aplaudido, ao assumirmos, enquanto colegiado, a responsabilidade da existência de um “muro” entre os universos de pistas de julgamento e avaliações genéticas. No entanto, ao final do encontro, foi aberta a palavra ao plenário, e, entre várias colocações importantes, um técnico e criador arrancou aplausos quando afirmou que a “sobrevivência da pista” depende de uma referência mais clara de modelo animal para que o jurado compreenda melhor como deve julgar e o criador tenha mais claro o que deve selecionar. Parece simples, mas é extremamente complexo, se pensarmos que, mesmo que seja definida a referência de animal adulto, ainda temos que imaginá-lo nas idades julgadas.
Não é fácil definir parâmetros que unam esses dois mundos, mas sabemos que, com todas as dificuldades, temos de encontrar uma passagem, e creio que a ABCZ está no caminho, digo isso pelo subsídio de conteúdo apresentado na atualização e na fala do presidente Arnaldo Manoel sobre equilíbrio.
Voltando à equação, vamos partir do raciocínio que o EPMURAS seleciona biotipo com comprovação científica, além de raça, aprumos e sexualidade, e se traduz como um retrato falado do animal, e, com isso, uma oportunidade das associações, dos criadores e dos jurados falarem a mesma língua.
Quando o modelo animal apontado pelas proporções no EPMURAS se unir às informações de peso, AOL para rendimento, EGS para acabamento, perímetro escrotal e informações de prenhez e parto/produto disponibilizada na ficha de julgamento, somado ao talento do olho técnico e à competência dos jurados em interpretar informações, talvez seja possível chegar a uma equação básica de referências. Tudo isso permitirá conferir uma linha de raciocínio que possa ser acompanhada por todos os agentes envolvidos na dinâmica dos julgamentos.
Claro que o assunto é complexo, mas a temática do encontro pode ter apontado o início do caminho. Penso que estudar melhor as curvas de crescimento e referências fenotípicas em diferentes ambientes pode aproximar a pista da pecuária comercial, atendendo às necessidades da indústria frigorífica e do mercado.
Será possível um julgamento mais técnico, mais científico? Mesmo que a resposta seja sim, talento, conhecimento da vivência com o gado e capacidade de se expressar em público continuarão sendo elementos que farão a diferença no show, como são chamadas as exposições nos EUA. Vamos que vamos!