Saiba mais sobre tudo que rola no mundo da pecuária!
Publicado em 15/02/2023
Por: William Koury Filho
Caro leitor, escrevo esta coluna no final de janeiro; por quantos acontecimentos já passamos neste ano. Pois é, essa história de que o ano só começa depois do carnaval é balela; 2023 está a todo vapor e um tanto quanto conturbado. A política segue polarizada e, no aspecto climático, que também interfere muito no setor agropecuário, o fenômeno La Niña perde força, cedendo espaço para o El Niño – e, com as altas temperaturas, muita chuva caindo em grande parte do país, além de estiagem no Sul.
Deixemos a previsão do clima para os especialistas e vamos para o nosso tema: você sabe o que é melhoramento genético e sua importância na pecuária?
Pela definição, melhoramento genético é o processo de selecionar ou de modificar intencionalmente o material genético de um organismo com o intuito de se obter indivíduos com características de interesse. São justamente essas características de interesse aquelas definidas pelos critérios de seleção a serem adotadas, ou seja, o que queremos melhorar no rebanho e qual o grau de importância que queremos dar a cada uma delas.
Para sermos efetivos no melhoramento genético, é importante utilizarmos boas ferramentas, que podem ser:
1) Dados fenotípicos: coleta de peso, perímetro escrotal, idade ao primeiro parto, intervalo entre partos, características morfológicas (EPMURAS), dados de ultrassonografia de carcaça, eficiência alimentar com cochos tecnológicos. O importante é que o desempenho dessas características fenotípicas deve ser quantificado considerando os grupos de manejo, que são formados por idade, sexo e mesmas oportunidades na sanidade e nutrição. Assim, podemos comparar o desempenho de indivíduos com relação à média de seu grupo e identificar os melhores dentro da avaliação intrarrebanho.
2) Avaliações genéticas: estimadas por programas de melhoramento e que dizem respeito à estimativa do valor genético real do animal, no qual os modelos matemáticos utilizados têm por objetivo isolar os componentes genéticos dos ambientais a partir de grupos de contemporâneos e, com isso, comparar diferentes rebanhos em uma mesma base. A ferramenta, nesse caso, são as DEPs, as Diferenças Esperadas na Progênie. Além das DEPs de cada uma das características avaliadas, todo programa propõe um índice, ou seja, a ponderação seleçãode diferentes DEPs com objetivo de identificar animais que possam somar, em um grupo, características que contemplem peso, habilidade materna, carcaça e características de fertilidade, por exemplo.
3) DEPs genômicas: são estimadas considerando o desempenho fenotípico e, principalmente, através do genoma (marcadores moleculares), com objetivo de gerar DEPs com acurácias mais altas, traduzidas em maior confiança na estimativa do verdadeiro valor genético.
Bem, as ferramentas foram apresentadas; agora, utilizá-las de maneira adequada depende de conhecê-las a fundo, assim como conhecer bem o seu rebanho e o mercado que quer atingir para, então, definir o objetivo de seleção e, com ele, também os critérios para que se atinja esse objetivo.
Para uma melhor definição de critérios de seleção, é importantíssimo conhecer os conceitos de interação genótipo-ambiente e de correlações genéticas entre as características, pois nem sempre os valores mais altos das DEPs ou índice geral são a melhor opção – deixo bem claro: NEM SEMPRE.
Amigos, o espaço dessa coluna ficou pequeno para destrincharmos melhor os temas colocados no parágrafo anterior, mas prometo esmiuçá-los melhor na coluna do mês que vem.
De qualquer maneira, fica a dica: conheça bem as ferramentas utilizadas para melhorar o desempenho e a lucratividade do seu rebanho. Não acredite em tudo o que ouve, pois existem muitos modismos e conceitos mal colocados pelo mercado. Isso aí, vamos que vamos!