Saiba mais sobre tudo que rola no mundo da pecuária!
Publicado em 17/07/2023
Por: William Koury Filho
Prezados leitores, escrevo esta coluna no final de junho, com pastos ainda apresentando nuances da cor verde em todos os lugares por onde tenho andado. Outra boa notícia é que também observamos o mercado da pecuária sinalizando melhora para o segundo semestre do ano. Se não temos tantos motivos para comemorar, também não podemos deixar de olhar para o lado positivo.
Além de otimismo, devemos sempre procurar entender o que se pode promover de mudanças para melhorar os índices produtivos e os resultados econômicos da atividade na qual estamos envolvidos, bem como procurar ganhar em sustentabilidade e realização pessoal.
O que quero dizer é que não adianta reclamar daquilo que “foge ao alcance dos nossos braços”; devemos focar e gastar energia naquelas mudanças que são possíveis de serem concretizadas.
Sobre mudanças factíveis na pecuária, gostaria de falar com maior ênfase a respeito do conceito Boi com Bula. Aqui, a Bula significa informação, assim como nos medicamentos. Porém, ao invés de princípios ativos e suas ações para tratamento de doenças, nesse conceito, o que é descrito são os atributos de qualidade que irão auxiliar no plano genético e produtivo dos rebanhos e que poderão clarear a qualificação dos produtos. Peso é um deles, mas podemos descrever qualidade de maneira mais detalhada para facilitar as tomadas de decisão.
O primeiro produto Boi com Bula certificado refere-se aos reprodutores, já que os touros podem ser considerados a maior semente da pecuária. São indivíduos capazes de promover grandes mudanças devido à capacidade de gerar um grande número de descendentes em sua vida reprodutiva – via sêmen ou monta natural.
Para se definir a qualidade de um reprodutor, a Bula traz informações de: PO ou CEIP; idade; peso; perímetro escrotal; sistema de produção no qual foram criados, recriados e preparados para venda; genealogia e avaliações genéticas e morfológicas pela metodologia EPMURAS. Essas mesmas informações devem compor a Bula das matrizes destinadas à produção de genética, com as devidas adequações. No caso da fêmea, é óbvio que não temos informação fenotípica de perímetro escrotal, mas contamos com informações de idade ao primeiro parto, intervalo entre partos e até média de produção de oócitos – desde que seja uma doadora de embriões.
No gado comercial, o conceito é o mesmo, porém a Bula é mais simplificada e as categorias definidas de acordo com o mercado usual: nos machos, o produto final é o boi gordo, onde a Bula pode ir além de idade e peso e chegar à composição do peso, com grau de acabamento de carcaça e até perspectivas de rendimento. Vale lembrar que as soluções científicas e tecnológicas estão evoluindo muito rápido e devemos acompanhar disrupturas nos processos de certificações de qualidade e comercialização de gado. Claro que, em relação aos machos, temos ainda o grande mercado do bezerro, o mercado do boi magro e até o turuno – descarte de um reprodutor velho: todos passíveis de ter a sua Bula.
Nas fêmeas comerciais de corte, a mesma coisa. Além de idade, podemos contar com informações que ajudam muito a estabelecer perspectivas de produtividade, tornando as tomadas de decisão muito mais assertivas.
Para tudo isso - até alcançarmos o status de pecuária de precisão -, muita coisa deve ser feita. Existe uma grande distância das fazendas cabeceiras de produtividade daquelas que estão buscando a posição dianteira e, com isso, nota-se um espaço muito significativo para novas oportunidades. Ou seja, a pecuária brasileira que já é gigante poderá ser ainda mais eficiente.
Na coluna passada, eu comentei que iria falar um pouco mais sobre a metodologia EPMURAS, mostrando uma aplicação direta. Por isso, passei pelo conceito Boi com Bula, que busca contemplar as avaliações morfológicas em equilíbrio com as avaliações genéticas de maneira objetiva. É isso aí! Vamos que vamos!