Saiba mais sobre tudo que rola no mundo da pecuária!
Publicado em 25/08/2021
Por: William Koury Filho
A história do zebu no mundo é incrível. Desde o berço Indiano – Paquistanês para o Sindi – a relação do homem com os bovinos de cupim é algo literalmente divino.
A cada encontro com um baluarte dessa epopeia recente, me sinto privilegiado de ouvir suas histórias e estórias As mais populares para época que vivemos são as importações da década de 1960, que ficaram famosas pela vinda de touros como Karvadi, Golias, Taj Mahal, Godhavari , Kurupathy, Akasamu, Padu, Tenali, Rastã, Bima, entre outros.
As estórias contadas ou escritas têm como protagonistas personagens como Seu Celso Garcia, Seu Torres Homen, Seu Rubico de Carvalho, Seu Nenê Costa, Seu Dico e Seu Ildefonso dos Santos – a maioria deles não conheci pessoalmente, mas através de pessoas como Dr. Taylor (in memorian), Hernani Torres Cordeiro (in memorian), Seu
Cadu Novaes, Dr. Arnaldo Manuel, Seu Ilson Correa, meu pai e outros atores do atual cenário do Nelore e do zebu como um todo, com os quais tenho o privilégio de conviver.
Embora menos populares, porém na mesma intensidade em importância, muita coisa aconteceu antes da década de 1960 e que foram fundamentais para chegarmos nos atuais níveis de qualidade genética zebuína. Para não me estender muito, podemos citar marcas importantes dos estados do Rio de Janeiro, da Bahia e de Minas Gerais como marca Taça, OM, Nelore Santa Aminta, Marca 11 e Nelore Lemgruber.
E quem diria que o Brasil, com apenas 102 anos de registros genealógicos, se tornaria a maior fonte de genética zebuína do planeta e o país de maior influência nas áreas técnica, científica e de produção de zebu?
Embora consciente de que a média dos índices zootécnicos de produtividade ainda tem espaço para evoluir, fico impressionado com a mudança em qualidade do gado comercial que acompanhei nos últimos 20 anos de trabalho no campo – consequência direta da utilização de tecnologia e genética certificada pelas associações, programas de melhoramento, instituições e consultorias. Contribuiu muito para essa evolução do rebanho comercial a maior oferta de touros melhoradores no mercado e a evolução da tecnologia de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), que permitiu que muito mais produtores inseminassem suas vacas de corte. Os laboratórios, centrais de inseminação e os técnicos de campo têm papel fundamental nessa evolução que segue como parte da história do Zebu no Brasil.
Falando de história, o Instituto de Zootecnia completou, este mês, o 116° aniversário, sendo que, este ano, Sertãozinho realiza sua 71ª prova de ganho de peso, se firmando como a mais tradicional instituição a promover este tipo de teste, que há 17 anos já realiza também os testes de eficiência alimentar.
Outras instituições importantes como a EMBRAPA e a UFU realizam provas de desempenho, além de inúmeras fazendas pelo Brasil que conduzem suas próprias provas zootécnicas - muitas delas oficializadas pela ABCZ.
As provas e os programas de melhoramento implementaram o processo de formação de grupos de manejo nas propriedades, esse foi um dos passos principais para que indivíduos superiores fossem identificados com mais clareza.
Na coluna do mês passado usei um título bastante provocativo, mas, no texto, deixo claro que as provas e programas de melhoramento foram e são fundamentais para seguirmos nesse ritmo de evolução tão forte na pecuária de nosso país. O risco que sempre temos é que uma boa ferramenta seja utilizada de maneira equivocada pelo mercado, muitas vezes excessivamente agressivo.
Vale ressaltar que as centrais são vitrines, e colocam na prateleira os produtos que o mercado quer comprar, pois precisam vender para seguirem competitivas.
Tenho acompanhado a pecuária de corte também em outros países. São nas visitas para o estrangeiro que nos conscientizamos de como somos referência nas raças zebuínas, mesmo no Brahman, que aportou em terras brasileiras somente na década de 1990.
Além do gado, temos pessoas ligadas à produção e à pesquisa que fazem a diferença. Estamos muito bem e, no ritmo que temos evoluído, o Brasil que já é de longe a maior referência em zebuínos nos trópicos, seguirá firme como “boi de guia” para outras nações com aptidão para produção de carne vermelha em ambiente tropical.
Neste mês, uma dessas pessoas que fazem a diferença deixou esta vida, mas seu legado seguirá presente na história do gado de corte no Brasil, na minha memória e de muita gente ligada à pecuária - uma homenagem ao Dr. Luiz Otávio Campos Silva - LOCS.
Isso aí! Com personagens atuais, vivos e míticos, seguimos a aventura fabulosa de criação, seleção e melhoramento de zebuínos no país, com uma história de muito sucesso! Vamos que Vamos!