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Publicado em 16/10/2023
Por: William Koury Filho
Caro leitor, escrevo esta coluna diretamente do avião que está me trazendo do México para o Brasil, onde passo o final de semana com a família, mas, na segunda-feira seguinte, já embarco para Bolívia para uma temporada de acasalamentos dirigidos em rebanhos de clientes Boi com Bula do país vizinho.
México é um país que me encanta por suas belezas naturais, comida saborosa, povo hospitaleiro e também pela paixão dos produtores e técnicos pelo gado zebu. Tenho tido a oportunidade de conviver com esse cenário desde o início dos anos 2000, quando fui julgar uma exposição em Mérida, Yucatán. Foi amor à primeira viagem, uma experiência muito boa de trabalho em um lugar com muita história para contar, desde a civilização Maia até os dias atuais. Aliás, em tempos muito mais remotos, já que o evento com o asteroide que se chocou com a Terra e protagoniza a teoria da extinção dos dinossauros está registrado geologicamente nessa região.
Voltando ao tema do gado, visitei anteriormente o México para julgar uma exposição nacional de raças indianas no início do ano na cidade de Tampico, estado de Tamaulipas; agora, na viagem de setembro, realizei empreitadas diferentes em outros três estados. Foram experiências distintas: primeiro em Chiapas, onde colaborei com o curso de atualização de técnicos da AMCC (Associación Mexicana de Criadores de Cebú) com participação teórica, falando de critérios e objetivos de seleção, além de avaliações genéticas e, principalmente, abordando a metodologia EPMURAS. O exercício foi um sucesso: os técnicos treinaram a metodologia de forma prática, o que permitiu descrevermos um animal em todos os seus detalhes morfológicos facilitando bastante o entendimento sobre o que é um animal funcional.
A segunda etapa da empreitada foi no estado de Tabasco, na cidade de Villahermosa. Lá atendemos a dois criadores entusiasmados com o Nelore - incrível como é antiga essa relação de mexicanos com o zebu brasileiro e como conhecem a história da raça Nelore em nosso país. Aqui cabe um parêntese para recordar que a maior experiência deles com o Nelore foi com indivíduos de origem pertencentes à importação que o Brasil fez da Índia em 1962 (com animais longilíneos, porém mais tardios). Outra restrição com a raça se deu em função do temperamento. Realmente, muito Nelore exportado do Brasil para a América Latina, nas décadas de 1970, 1980, 1990, até início de 2000, era um gado mais tardio e mais reativo. Essa bravura tinha o Brahman como contraponto que, além da docilidade, apresentava uma carcaça muito mais volumosa.
No entanto, o Nelore com que esses países estão tendo contato agora é de um biotipo mais precoce, mais manso e que segue levando vantagem em relação ao Brahman na fertilidade e vigor de bezerro – características que o Brahman deveria cuidar mais nos critérios de seleção.
Depois de atender em acasalamentos dirigidos, ministrei um curso teórico e prático organizado pelo comitê mexicano da raça Nelore com oportunidade de apresentar em teoria e prática esse modelo de reprodutor mais grosso, funcional e de muito bom temperamento. O resultado foi excelente!
Para finalizar, fui atender a um jovem criador na região onde tudo começou para mim, a cidade de Mérida, em Yucatán, para realizar os acasalamentos dirigidos e definir critérios e objetivos de seleção.
Amigos, eu estou cada vez mais convicto de que, se você gosta de seleção em gado de corte e não conhece a EPMURAS, vale a pena conhecer. A partir do momento em que você entende o que é um animal funcional, é possível utilizar a metodologia como ferramenta para analisar as tomadas de decisão, para compra, venda ou seleção, tanto em gado puro como comercial. A EPMURAS é a maneira de falarmos o mesmo idioma, de conversarmos a mesma língua, independente do país de origem e de quantos dialetos diferentes existirem por região. Como diria no México: dá-lhe! É isso aí! Vamos que vamos!