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"De olho no material escolar"

Publicado em 17/04/2023

Por: William Koury Filho

Amigo leitor, estava eu dando aquela passada de olhos pelos grupos de WhatsApp no final da tarde de uma sexta-feira, como muitos de nós costumamos fazer, quando me deparei com um vídeo da CNN, veiculado pelo YouTube, com um título que me chamou atenção: “Como o agronegócio é retratado nos materiais escolares.

”Isso me interessou não só porque tenho filhos, amigos, parentes e convivo com muitos professores de diferentes universidades, mas também porque já conhecia um pouco do projeto da associação que produziu o conteúdo, através da família Jacintho, gente por quem tenho grande apreço e que é protagonista como produtores rurais, além de muito envolvidos com essa importante iniciativa.

“Os professores são agentes de transformação, pois oferecem perspectivas e uma nova visão de mundo a cada aluno. Poder apoiá-los com ferramentas atualizadas é também nosso propósito”, diz Letícia Jacintho.

Recentemente, uma frente de trabalho que envolveu doze analistas de conteúdo e especialistas do agronegócio se reuniu durante cerca de três mil horas para analisar, de forma criteriosa, mais de nove mil páginas das principais editoras que fornecem livros para o plano nacional do livro didático – material que é utilizado na rede pública e na rede privada de todo o Brasil.

Na revisão de todo esse material, foram identificadas 746 passagens negativas ou fortemente negativas sobre o setor rural: 60% a mais do que menções positivas.

Ainda na pesquisa foi constatado que o conteúdo, em sua maioria absoluta, é baseado em trabalhos autorais, sem apoio de citações científicas, portanto retrata, muitas vezes, simplesmente, a opinião de quem escreveu.

Nas escolas, o conteúdo que trata do tema produção agropecuária na sua história ou momento atual advém de matérias de humanas, área em que grande parte dos professores que estão ministrando aula ou produzindo conteúdo não conhece a realidade do campo, bem como já possui preconceitos embasados por uma ideologia – principalmente quando o discurso se radicaliza em relação aos defensivos agrícolas, desmatamento e divisão de rendas até chegar à pauta mais aterrorizadora das mudanças climáticas como sendo antropogênica, ou seja, causada pelas ações do ser humano.

Não se discute que devemos produzir com responsabilidade socioambiental e que os desmatamentos ilegais, assim como todos que não estiverem em conformidade com a lei, devam ser punidos. Isso porque evidências apontam que o agro brasileiro é modelo de produção sustentável e fundamental para alimentar o planeta. Exemplo disso é nossa pecuária a pasto, que possibilita sistema de produção com balanço positivo, sequestrando mais CO2 do que emitindo na atmosfera.

A riqueza vinda do campo, historicamente, tem sido exposta de maneira pejorativa nas escolas, associada a latifundiários aproveitadores, sem saber a real história de famílias pioneiras que desbravaram Estados como Mato Grosso – por exemplo – e que, com muita honra e suor, transformaram o agronegócio brasileiro nesta grande potência, sempre alicerçada com suporte tecnológico desenvolvido no Brasil por universidades de agrárias e instituições como a EMBRAPA, cujo papel é decisivo nesse desenvolvimento.

Aí é quando chegamos à base, no ensino fundamental e médio, e temos de citar Fernando Penteado Cardoso em sua célebre frase: “O Brasil é um país em que as pessoas acham muito, observam pouco e não medem praticamente nada.” Ou seja, precisamos mudar essa realidade e direcionar a educação para a sua principal finalidade: formar cidadãos críticos e aptos a atuar na sociedade. Sendo assim, parabéns ao “De olho no material escolar”, pois vocês estão fazendo a diferença. Vamos que vamos!