Saiba mais sobre tudo que rola no mundo da pecuária!
Publicado em 17/05/2019
Por: Equipe BrasilcomZ
Olá, amigos do agro! Para alegria do pecuarista, as boas chuvas em pleno final de abril sinalizam capim verde por mais tempo neste outono. E falando em capim, base de alimento para os bovinos, vamos puxar o assunto para o zebu, material genético que, aliado à aptidão do Brasil para o boi verde, ou verde e amarelo, faz da pecuária nacional uma potência mundial.
Com apenas 100 anos da criação do herd-book, a história do zebu brasileiro é riquíssima, cheia de heróis famosos e anônimos que contribuíram para a revolução da nossa pecuária, desde as primeiras importações da Índia, no século XIX.
Embora Robert Bakewell, considerado o pai do melhoramento, tenha iniciado seus trabalhos de seleção com a raça English Longhorn, o primeiro registro genealógico oficial na Inglaterra foi com a raça Shorthorn, e data no ano de 1822.
No Brasil, a pioneira Associação Nacional de Criadores (ANC) iniciou o Herd-Book Collares, no Rio Grande do Sul, em 1906, com as raças Shorthorn e Angus – essa última com relatos na Escócia há mais de 400 anos e abertura do livro de registros em 1862, ou seja, 40 anos depois do Shorthorn.
Por que a criação do herd-book do zebu é tão importante?
Passar a ter o controle de genealogia determina um passo fundamental para o processo de seleção de uma raça bovina, pois um programa de melhoramento genético depende muito da qualidade dos dados coletados. Estamos nos referindo a medidas de peso, ultrassom, escores visuais, perímetro escrotal, datas de parição, nascimento,
etc. E mais: informações de paternidade e dados estruturados de matriz de parentesco, que são fundamentais para melhor estimar valores genéticos. Apenas 13 anos separam os primeiros registros de raças britânicas no RS dos primeiros registros do zebu em MG. No entanto, séculos de seleção artificial distinguem
os trabalhos iniciados com as raças britânicas dos com zebu brasileiro.
O nosso gado teve a seleção natural como grande aliada, além da intuição de indianos e paquistaneses, que, de alguma forma, buscavam características funcionais para trabalho, produção de leite ou algum concurso pitoresco (imagino que bom temperamento também deve ter sido uma das qualidades almejadas).
Em suma, a combinação dos fatores visão, oportunidade, sorte, coragem e competência de brasileiros de grande valor trouxe para o Brasil um material genético muito
“pronto” para enfrentar as nossas adversidades. Tudo isso, com muita adaptabilidade, diretamente relacionada a fertilidade, características funcionais e bom desempenho.
Haja vista a impressionante marca de partir de 6.300 animais trazidos entre 1870 e 1875 até última importação de animais vivos, em 1962, a multiplicação em domínio quantitativo absoluto, representando, hoje, 80% de um rebanho de 219 milhões de cabeças: Atualmente, existem cerca de 175 milhões de bovinos com predominância de genes zebuínos pastejando em terras brasileiras – com supremacia numérica da raça Nelore.
O centenário da ABCZ e a saga do zebu no País se entrelaçam com a história da pujante pecuária do Brasil, maior exportador de carne vermelha do mundo. E se hoje temos um excelente material genético para trabalharmos os processos de seleção artificial com informações genômicas, agradeça aos pioneiros e baluartes desta história, famosos ou anônimos, que, com seus erros e acertos, protagonizaram tão rica biografia.
Vamos que vamos!