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“LAS BELA”

Publicado em 30/09/2020

Por: Guilherme Faria Costa

Olá meus amigos, cá estou para lhes trazer mais uma de minhas crônicas Escrevo após o equinócio de primavera, data que marca para boa parte do país a aproximação das chuvas, ficando o período seco para trás. Tratando se de seca, vou lhes contar sobre uma raça que desde seus primórdios está adaptada à essas condições, o Sindi
A raça Sindi tem origem no Paquistão, mais precisamente nas regiões do Beluchistão de Karachi, Hyderabad Kohistan e Sind pertence ao Grupo III da classificação geral do gado indiano de Joshi e Phillips. O Paquistão fazia parte, junto à Índia, do Império Britânico, por isso o termo indiano designando a raça. O Grupo III, também engloba outras raças como a Dangi a Deoni a Sahiwal e a Gir raças essas de constituição pesada com barbela ampla e umbigo pendente, predominando a pelagem vermelha e suas nuances.
De origem muito antiga e muito aparentado ao gado vermelho afegão de montanha, que muitos pesquisadores acusam ter influenciado na sua formação, o Sindi é proveniente de regiões semidesérticas e detém um dos maiores graus de pureza dentre as raças zebuínas. Muitos séculos de seleção em ambiente restrito, com pouca oferta de forragem de qualidade e regime de chuvas escasso, fizeram do Sindi um excelente produtor de leite e carne em condições adversas.

A raça é considerada a principal produtora de leite no seu país de origem, sendo que podem ser encontrados grandes rebanhos muito próximos dos amplos centros urbanos que figuram em sua origem, Karachi e Hyderabad.

O ano era 1952 e pelas mãos de Felisberto de Camargo, piracicabano e pesquisador do Instituto Nacional do Norte ( o Sindi comprou sua passagem de vinda para o Brasil. Não era a primeira vez do gado vermelho nessas terras Francisco Ravísio Lemos já havia trazido um pequeno lote em 1930 mas que pouco refletiu no rebanho nacional na época Retornando a Felisberto de Camargo, sua intenção de vir com um lote maior de animais resultou numa epopeia ..“O GADO VEIO VOANDO” Fretado o avião da companhia inglesa Eagle Aviation os animais partiram sobre desertos e oceanos, fazendo escalas no Sudão, Nigéria e em Dakar, no Senegal, até concluírem seu destino.

Questões burocráticas e políticas não queriam permitir a entrada do Sindi no Brasil Enquanto o gado voava, Felisberto de Camargo conseguiu articular e permitir a entrada do gado no país, porém os animais deveriam se hospedar em quarentena na ilha de Fernando de Noronha Finalmente em 1954 os animais vieram ao continente. Do efetivo de 31 reses que havia descido na ilha, desembarcou 50 cabeças, ou seja, o gado havia se reproduzido. Encaminhados para a Ilha de Marajó ( Piracicaba, Sertãozinho, Ribeirão Preto e Nova Odessa ( o Sindi de 1952 também chegou à Fazenda Tabaju em Novo Horizonte ( de José Cezário de Castilho este por sua vez, com o remanescente da importação de 1930 seguiu nos trabalhos com a raça.
Em 1980 quando o Sindi já estava quase desaparecido, Castilho, enviou em parceria com a Universidade Federal da Paraíba ( animais para o Nordeste Esta ação gerou um grande entusiasmo por parte da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba Emepa que buscou remanescentes em Colina ( e recebeu reprodutores e matrizes do Pará, estes descendentes da importação de 1952.

Com uma origem em comum e duas frentes geograficamente distintas no Brasil, o Sindi provou sua versatilidade e firmou linhagens no Nordeste e no Sudeste.
A raça que o Paquistão fez e que para o Brasil não caiu de paraquedas, possui porte médio a pequeno, com grande capacidade de conversão de forrageiras mais grosseiras e muita rusticidade sem perder sua capacidade produtiva Habilidade materna impressionante, bezerros vigorosos e espertos, com um temperamento dócil digno de nota, o Sindi não deixa a desejar em produção de carne e acabamento precoce Por observações de campo, conta com uma saúde inacreditável ao passo que os animais de outras raças estão ainda com pelo de inverno, o Sindi já trocou seu pelo e está vistoso, brilhante ao sol.
A essa altura de nossa crônica penso que vocês devem estar se perguntando, em quê LAS BELA se associa ao Sindi. Este nome, que à primeira vista não faz muito sentido, mas que para os conhecedores da raça remete à história, consistência e pureza representa a principal linhagem do Sindi no Paquistão Nomeada assim, se localiza no estado homônimo no Beluchistão e é considerada a mais pura de todas as linhagens, muito assemelhada ao gado vermelho afegão. Bem meus caros, chegando ao nosso destino, encerro esta pequena epopeia por aqui, espero ter feito minha pequena parte em prol desta raça incrível, que tem crescido muito nestes últimos anos, mostrando como pode contribuir com seu potencial ao progresso da pecuária nos trópicos.
Registrado aqui ficam meus cumprimentos aos pioneiros da raça, Odisseus que fizeram tanto para que o Sindi se perpetuasse em nosso país.

Um abraço e até outra hora!