Saiba mais sobre tudo que rola no mundo da pecuária!
Publicado em 17/02/2022
Por: William Koury Filho
Prezados leitores, entramos em 2022. Este ano começou tumul-tuado com seca e temperaturas extremadas no Sul do país, e chuvas exageradas no Nordeste em Minas Gerais. É a La Niña fazendo suas peripécias. Além disso, quando tudo parecia caminhar bem em relação à pandemia, surgiram a cepa Ômicron e toda a polêmica da vacina. Mas vamos lá, porque não temos alternativa a não ser firmar o corpo e seguirmos.Bom, o assunto da coluna de hoje é sobre o tamanho “ideal” do gado de corte no Brasil, tema que acompanho desde que me graduei em zootecnia há mais de 25 anos. Sinto ainda hoje que essa discussão não está tão clara, até porque temos diversidade de sistemas de produção praticados no País, bem como o dilema de necessitarmos de uma vaca menos exigente na nutrição e um boi que deve ser ganhador de peso e ir ao abate bem pesado. Isso mesmo, a vaca não pode ser exagerada no ta-manho, tendo em vista ter de aguentar a seca e seguir em boa condição corpo-ral para que seja eficiente no âmbito reprodutivo, mas deve parir um bezerro com velocidade de crescimento e ainda com precocidade de deposição de gordura de acabamento.Muitas raças bovinas já passaram por esse dilema. O próprio Angus que, para mim, é uma das raças mais bem resolvidas com relação ao tema, já passou por extremos. De uma bolinha de gordura, exageradamente precoce e com crescimento limitado, foi até um porte exageradamente grande, perdendo em terminação e funciona-lidade maternal. E chegou, aos dias atuais, a uma forma mais correta, de proporções corporais equilibradas que permitem plasticidade para trabalhar em diferentes ambientes, com um desenho padrão e muito desempenho.As raças de grande porte que vieram para o Brasil e não se ajustaram saíram de cena. Os extremos, como a Chianina, realmente sumiram. Outras continentais baixaram o frame, inclusive no Hemisfério Norte. Assim vi o Simental e “Charolais”, nos Estados Unidos, com uma conformação bem mais precoce, seguindo um “desenho” mais parecido com o Angus. Em terras brasileiras, acontece o mesmo. O Simental e o Santa Gertrudis, por exemplo, usaram genética sulafricana para acelerar esse processo. A África do Sul tem um conceito interessante de morfologia funcional para incrementar a discussão técnica sobre o tema “frame” ideal. Pois é, ouvimos muito o termo frame quando falamos de tamanho ou porte do gado. Nos zebuínos é muito utilizada a metodologia EPMURAS, que faz uma descrição bastante completa do animal de maneira muito simples. E, no EPMURAS, se avalia um tipo de “frame” no olho, pela característica Estrutura Corporal (E), através de escores visuais que variam de 1 a 6, sem complicações, possibilitando uma coleta de dados eficiente e uma excelente ferramenta para seleção e acasalamentos dirigidos.Das características do EPMURAS relacionadas à carcaça (EPM), Estrutura é a mais correlacionada com peso. Ou seja, mais E tende a ser mais pesado. Porém o que se busca numa raça de corte não é somente o peso, mas, sim, a composição do peso, que é a resultante do percentual de ossos, de músculo e de gordura que constituem o peso de um indivíduo. Para isso, E tem que ser adequado e seguido de boas avaliações para Precocidade (P) e Musculosidade (M).Trabalhos científicos publicados em revistas nacionais, internacionais e até congressos mundiais de genética apontam que E tem correlação positiva e muito expressiva com altura e peso. Já a altura apresenta correlação positiva com peso e negativa com Precocidade – animais grandes tendem a ser mais tardios.Os zebuínos, e mais especificamente a raça Nelore, apresentam muita variabilidade morfológica, ani-mais grandes, ou pequenos, ou com-pridos, ou curtos, para falar somente em proporções corporais. Aprendendo com raças com mais tempo de seleção, devemos buscar um animal de estatura mediana, com muito comprimento corporal e grande amplitude de tórax, arqueamento de costelas e volume de massas musculares. Para se chegar a esse modelo: medir, medir e medir como dizia o Dr. Jan Bosman, um sulafricano que deixou grande contribuição para pecuária tropical – o EPMURAS é uma metodologia eficiente para medirmos características morfológicas. Na sequência das sete primeiras colunas de 2022, irei abordar cada uma das características avaliadas pelo EPMURAS, que, depois de Estrutura Corporal, são: Precocidade, Muscu-losidade, Umbigo, Raça, Aprumos e Sexualidade. A metodologia, além de excelente ferramenta de seleção, permite a padronização da comunicação entre técnico, selecionador e mercado tornando o entendimento sobre morfologia mais popular. Aguardem! Voltando ao tema de hoje, quando o assunto é Estrutura corporal, seguimos o conceito de Aristóteles, em que a virtude está no equilíbrio, e fujamos dos extremos.Um ano abençoado, produtivo e com saúde para todos vocês. Vamos que vamos!